Por Daniel F. S. Campos
O investimento em segurança alimentar por parte de restaurantes, supermercados, padarias e similares, vem sem dúvida nenhuma aumentando ao longo das últimas décadas. Tal acontecimento fica evidente quando se observa o crescimento de empresas de consultoria especializada, de profissionais nutricionistas, engenheiros de alimentos, médicos veterinários e outros que encontram mercado neste segmento e até no crescente número de publicações especializadas que tratam do assunto.
Tal interesse por parte do empresariado do ramo da alimentação poderia ser entendida apenas como uma questão de cumprir a lei ou de satisfazer a seus consumidores de forma plena. Afinal, a experiência gastronômica, a compra de itens alimentícios, não se configura em experiência agradável se o consumo resulte no aparecimento de sinais e sintomas de uma toxinfecção de origem alimentar.
Ou também como resultado de ações de fiscalização sanitária, estabelecimento de novas regras ou penalidades mais rigorosas aplicadas àqueles que não cumprem os pré-requisitos de manipulação dos alimentos, capazes de proporcionar segurança alimentar aos consumidores.
Todos estes possíveis argumentos poderiam e podem ter influência na maior preocupação e investimento em segurança alimentar. Entretanto, outro fator tem se mostrado muito presente e muito comentado no segmento, a grande disseminação de informações nas redes sociais, que rapidamente repercutem ocorrências negativas relacionadas à segurança alimentar.
São frequentes a circulação de fotos e vídeos mostrando situações impróprias, como roedores passando em meio a clientes de um restaurante, manipuladores de alimento executando práticas inadequadas, ambientes com excesso de sujeira e, principalmente, pratos de alimentos servidos com algum objeto estranho, desde partes de insetos até brincos, cabelos e outros artefatos que ocasionalmente são vistos, fotografados e “postados” nas redes sociais.
O potencial de disseminação deste tipo de ocorrência em termos de segurança alimentar chama a atenção e alerta empresários do ramo. Como não é concebível, longe de ser possível, restringir a circulação de imagens, posto que hoje em dia cada cliente é um potencial publicador de imagens, vídeos e opiniões nas redes sociais, a saída mais segura é mesmo prevenir, investir em técnicas e práticas que procurem garantir cada vez mais segurança alimentar.
Ou então correr diariamente o risco de ver seu estabelecimento comentado, seus produtos veiculados em imagens e vídeos de forma bastante negativa, em caso de acidentes de percurso associados à manipulação de alimentos. Será que vale a pena?
Daniel de F. S. Campos é medico veterinário sanitarista, PhD em Ciências e diretor da Qualisan Consultoria