Esta semana o mundo se chocou com o recente caso de morangos australianos que estavam sendo alvo de sabotagem, com agulhas em seu interior. Do incidente, um garoto foi preso por ser autor da “brincadeira”. Uma “pegadinha” que, no entanto, envolveu as autoridades de segurança pública australiana e comprometeu o comércio de morangos australianos até mesmo nos países vizinhos, como a Nova Zelândia, que interrompeu a importação da fruta.
Isso sem contar, evidentemente, os danos aos consumidores, já que o episódio pode ser considerado um alerta à saúde pública daquela região.
Neste sentido, volta à pauta o protocolo de medidas que as indústrias alimentícias podem adotar contra esse tipo de sabotagem. Trata-se de um conjunto de normas destinadas à food defense (defesa alimentar), que corresponde ao segmento que rege as ações preventivas contra, entre outras coisas, sabotagem, terrorismo, entre outros fatores que de maneira intencional prejudicam o produto final.
O diretor da Qualisan, Daniel de Freitas Souza Campos, salienta que casos de sabotagem podem ser evitados e minimizados com eficientes programas de Food Defense. Nele, além de determinar o nível de segurança física que deve ser adotado por cada empresa (considerando suas ameaças e vulnerabilidades), também é possível avaliar e assegurar se todos os procedimentos padrões estão sendo seguidos.
Isso significa, por exemplo, estabelecer programas que considerem desde as edificações e instalações da indústria (sistemas de entrada e saída, abastecimento de água, telhados e circulação de funcionários), até o transporte dos produtos (lacres, identificação dos lotes, estoques, temperaturas aos quais são submetidos, entre outros fatores).
Fazem parte do rol de ações em prol do Food Defense as capacitações de colaboradores, incluindo as inspeções técnicas periódicas. “O treinamento em food defense é importante para que os próprios funcionários identifiquem as situações de vulnerabilidade e atuem preventivamente”, aponta.
Ainda de acordo com Campos, considerar os meios tecnológicos como forma de obter mais segurança de informações também é válido. “Os softwares somam com o controle de todo o processo, aumentando o domínio sobre a cadeia produtiva e a distribuição, minimizando as chances de sabotagem”, pontua.
Outro aspecto que o diretor da Qualisan também alerta para que as empresas não menosprezem, é a auto-inspeção. “Analisar se os processos estão ocorrendo dentro da conformidade é algo que nunca deve ser desprezado”, destaca. Quanto mais uma empresa se dedicar a checar os procedimentos em andamento dentro de suas instalações, preferencialmente através de equipe interna e complementação externa, maior será o nível de segurança alcançado.